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Para transformar o corpo em dança

Fase 1 - lar

"Para Transformar o Corpo em Dança" é uma forma de arte viva. É um projeto artístico de longa duração que está em processo desde 2018.

 

A primeira fase foi sobre o senso de "lar". Em dezembro de 2018, eu me mudei de São Paulo para o Espaço Transformando, um espaço independente próximo à praia de Moçambique na cidade de Florianópolis, Brasil. O que começou como uma pesquisa em site-specific sobre o que seria habitar um espaço artístico como o Espaço Transformando em poucos meses transformou-se em uma experiência itinerante. Comecei a explorar diferentes ambientes de habitação artística e morei em residências artísticas, comunidades artísticas e ateliês entre o Brasil e países da Europa entre 2018 e 2020.

 

O morar, com suas instrínsecas implicações sociais, revelou uma forte característica de engajamento coletivo já vinha aparecendo em meu fazer artístico. O lar não era a casa física, mas também não era o corpo sozinha. Em cada experiência, explorei práticas de movimento e atenção ampliada como o Contato Improvisação, treinamentos psicofísicos e Eutonia. Temas como diferença, (im)permanência, imigração, violência doméstica, trabalho doméstico e propriedade privada foram discutidos através de performances de dança, instalações, oficinas, jams, entrevistas e rodas de conversa entre 2018 e 2020.

A primeira fase do projeto acabou com uma jam online em Agosto de 2020 após 600 dias. Em plena quarentena, a hashtag #fiqueemcasa fechou a minha pesquisa pessoal. Agora ela era de todos nós. 

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NossaJam #23 - A NossaJam foi um projeto idealizado e produzido por Pao Francez e Clarice Rito como uma experiência de jams online durante a pandemia de COVID-19. Facilitadores ofereceram jams online ao longo de 2020 e 2021, com participantes de diferentes países. A primeira NossaJam que facilitei foi em agosto de 2020, fechando a primeira fase do projeto "Para transformar o corpo em dança". ​​Online, 2020.

Para dona Madalena, De uma ponte no estrangeiro - O vídeo é uma carta em vídeo para a minha avó materna em cima de uma ponte na cidade de Frankfurt am Main. Ela chegou atrasada, minha vó se foi em 2005. Mas esta carta é como uma ponte, uma improvisação com palavras de uma neta entre o passado e o futuro. Frankfurt am Main (ALE), Junho de 2020.

A housebodywork ("Um trabalho corporal doméstico") - ​A microinstalação revelava as tarefas que foram dadas a mim durante minha permanência no Ponderosa Movement & Discovery nos fios do varal comunitário, incluindo imagens e notas com reflexões pessoais sobre o entrelaçamento somático entre trabalho corporal e trabalho doméstico. Lunow-Stolzenhagen (ALE), Março de 2020.

aqui, agora e comer ("here", "now" and "eat") - ​A trilogia em texto foi distribuída entre espaços de convivência do Ponderosa Movement & Discovery, com reflexões sobre "ser no mundo" a partir da expreriência de ter a Eutonia e o Contato Improvisação como práticas cotidianas. Lunow-Stolzenhagen (ALE), Agosto - Dezembro de 2019.

Minha casa da Katja ("My Katja's home") - A microrresidência consistiu na permanência por 5 dias na casa da artista Katja Wiegand (RUS/ALE), em Berlim. Ela também estava pesquisando sobre "lar", e propunha que os hóspedes fizessem anotações em um caderno e movessem objetos para uma caixa temática. A residência contou também com o registro de fotos e vídeos. Berlim (ALE), Outubro de 2019.

Quando você me chama pelo meu nome ("When you call me by my name")​ - A performance interativa contava com a participação da platéia segurando um grande tecido com uma costura no meio, no qual eu me posicionava debaixo. Meu movimento​ se dava a partir da pressão dada pela tração das mãos dos participantes, dançando numa conversa tátil através do tecido. A performance foi apresentada na mostra This House is Made of Water, do Glasgow Theatre Arts Collective. Glasgow (ESC), 2019.

Entre o conforto e a coragem ("Between comfort and courage") - Esta foi uma proposta para o público desenvolvida com a curadoria da exposição "This house is made of water", sob a direção de Isabel Dickens, sobre o tema "casa/lar". Consistiu em uma aula de Eutonia oferecida dentro do Glasgow Theatre Arts Collective seguida de performance ao ar livre/intervenção urbana na praça do The Aitken Memorial Fountain, em Glasgow. Os 20 participantes foram apresentados a uma informação sensorial específica de minha pesquisa com o projeto "Para transformar o corpo em dança" e foram convidados a explorá-la em uma experiência de composição em site-specific na praça. Glasgow (ESC), Setembro de 2019.

Maior que eu mesma ("Bigger than Myself") ​- Roda de conversa proposta durante a "Dance and Somatic Practices Conference 2019" do Centre for Dance Research (C-Dare), na Coventry University. A roda propunha uma reflexão sobre a importância da convivência para as práticas artísticas e somáticas com uma facilitação inicial voltada para o compartilhamento de experiências pessoais dos participantes. Coventry (UK), Julho de 2019.

Compartilhando lares ("Sharing Homes") - ​Esta foi uma residência seguida de performance proposta por Aviv Sheyn (ISR) para o Ponderosa Movement & Discovery (ALE). Os integrantes foram convidados a uma semana de imersão numa proposta de partilha de suas experiências, materiais, receitas culinárias e expressões artísticas com o tema do lar.​ Lunow-Stolzenhagen (ALE), Junho de 2019.

"dançando uns com os outros"

Fase 2 - trabalho

A segunda fase do projeto "Para Transformar o Corpo em Dança" começou em setembro de 2019. Estou pesquisando sobre "trabalho" em duas ações:

 

Uma das ações é pesquisando sobre a biografia de Gerda Alexander. Minha investigação mais recente, uma pesquisa de mestrado fazendo uma ponte centenária entre os primeiros anos de Gerda Alexander e o atual escopo de trabalho de eutonistas, foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPG-Dan/UFRJ). Questões como ativismo histórico, aniquilação simbólica das mulheres, produção de conhecimento nas artes e práticas arquivísticas foram elaboradas através da parceria com eutonistas, pesquisadoras e pesquisadores do Brasil, Alemanha, Dinamarca, Argentina e Luxemburgo.

A outra ação é através da pesquisa do movimento entre espécies. Trabalhando como eutonista, eu comecei a entrar em contato regular com cavalos durante o lockdown de COVID-19 através da Equoterapia, e eles acabaram se tornando também meus parceiros de movimento. Questões como o espelhamento entre bem-estar dos animais e o bem-estar no trabalho, antropocentrismo, reabilitação entre espécies, direitos trabalhistas, abuso de poder, práticas orientadas pelos não-humanos, entre outras, têm sido elaboradas através de entrevistas, workshops, sessões, palestras e obras audiovisuais. 

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Arte Cruzando Fronteiras - Gerda Alexander e a Multiplicidade da Atuação Profissional em Eutonia - Dissertação de mestrado em fase de publicação. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2021-2023.

A somatic congress in the 1950s? An overview of the First International Congress on Release of Tension and Re-Education of Functional Movement ("Um congresso somático nos anos 1950? - Um panorama do Primeiro Congresso Internacional da Liberação de Tensão e Reeducação do Movimento Funcional") - Neste artigo apresento informações históricas na forma de uma narrativa ficcional em primeira pessoa, baseada em evidências factuais e descrições de participantes a fim de oferecer uma experiência imersiva do congresso, reconhecendo-o como o primeiro esforço coletivo para as Somáticas como campo na década de 1950. Journal of Dance & Somatic Practices, Volume 15, Issue 2 © 2023 Intellect Ltd - link

The somatic field and its challenges in Rio de Janeiro, Brazil ("O campo somático e seus desafios no Rio de Janeiro, Brasil") - Sessão híbrida sobre o trabalho com as Somáticas e a Dança no contexto da Universidade Federal do Rio de Janeiro - participação presencial. Coventry University, Julho de 2023.

Entre Espécies - Vivência temática de scores de movimento entre espécies oferecida em estúdio no Espaço Mova. Rio de Janeiro, Novembro de 2022.​

Humano Intocável - Sessão audiovisual com cavalos no Rancho São Miguel, em Atibaia/SP, com direção de Dani Lopes e filmagem de Hugo Gallo.​​ Atibaia, Agosto de 2022.

Entre palcos ruas e hospitais - A transdisciplinaridade radical de Gerda Alexander na criação da Eutonia - Sessão online sobre a transdisciplinaridade da atuação profissional de Gerda Alexander na criação da Eutonia, oferecida no 7º Encontro Nacional de Pesquisadores em Dança da ANDA - Associação Nacional de Pesquisadores em Dança. Online, Junho de 2022. 

Workshop com JoAnna Mendl Shaw - Workshop com a dançarina e coreógrafa JoAnna Mendl Shaw (EUA) na Escola Centauro de Equitação / Equoterapia Rio sobre o seu método autoral de dança e composição entre espécies "Physical Listening".​​ Rio de Janeiro, Junho de 2022.

Mulheres artistas à vista - Uma visita às fotos públicas de Gerda Alexander -​Sessão de análise de fotos públicas de Gerda Alexander no V Seminário Internacional Desfazendo Gênero, observando aspectos como apagamento simbólico e revisão histórica. Online, Novembro de 2021.

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Creativity and the Wholeness of Life Through the Experience in Eutony ("Criatividade e a Inteireza da Vida Através da Experiência em Eutonia") - Entrevista cedida a Brian Siddhartha Ingle sobre os entrelaçamentos entre criatividade e vida cotidiana através da perspectiva da Eutonia, na conferência internacional Somatic Movement Summit 2021. Online, Abril de 2021.

@InterspeciesSomatics​​ - Conta de Instagram de diário de bordo de pesquisa entre espécies e compartilhamento de materiais relacionados, elaborada a partir do meu trabalho como eutonista, equoterapeuta e da convivência com meu cachorro Salomão.​ Online, desde 2021.
 

Moving with horses - Reflections on an interspecies somatic experience ("Movendo com cavalos - Reflexões sobre uma experiência somática entre espécies") - ​Sessão sobre o encontro com cavalos no trabalho de Eutonia, oferecida na conferência internacional BODYIQ 2021 da Somatische Akademie Berlin. ​Online, Novembro de 2021.

 

Eutonia na Quarentena - Aulas em grupo solidárias oferecidas a partir da quarentena de COVID-19 em projeto online da Associação Brasileira de Eutonia e Instituto Brasileiro de Eutonia​​. Online, 2021-2022.

indo em direção ao mundo com o que eu aprendi a fazer

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Sobre

Débora Oliveira

( trajetória artística )

Eu me dedico à dança como forma de prática e pesquisa há 20 anos. Estudei técnicas como street dance, balé, jazz, dança moderna e contemporânea. Sou graduada em Comunicação das Artes do Corpo - habilitação em Dança pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), curso no qual se entrelaçam formação artística e teorias da comunicação. No mesmo período comecei meus estudos em Eutonia, e sou certificada como eutonista pelo Instituto Brasileiro de Eutonia desde 2015.
 

Realizei trabalhos em parcerias e colaborações criativas com artistas como o Coletivo Traça Urbana (BRA), Cléia Plácido (BRA), Aviv Sheyn (ISR), Liv Schulman (ARG), Marina Dubia (BRA/DEN), Compania Id'Artê (BRA), Mariana Viana (BRA/POR), Hugo Leonardo Silva (BRA), Grupo de Teatro Contadores de Mentira (BRA), Danielle Greco (BRA), Monika Smekot (SCO), entre outros. Entre 2015 e 2018, criei "SP Brutalista", uma série de 7 ações performáticas desenvolvidas como uma prática criativa em site-specific. Meus trabalhos foram apresentados no Perfor6 - Fórum da Associação Brasil Performance, IV CALLE - Bienal De Performance, Semana das Artes do Corpo, Volusiano na Praça, Corpobra-Transformação, Postais - Mostra de Videoarte e Performance, SESC Santana, Museu da Cultura, Atelier Dudude, entre outros. Danço Contato Improvisação pelos últimos 10 anos, e ofereci aulas, laboratórios regulares, workshops, e participo de jams como o core da minha prática.

Atualmente desenvolvo a segunda fase do projeto "Para Transformar o Corpo em Dança" pesquisando sobre o senso de "trabalho". As formas de compartilhamento do processo incluem obras audiovisuais, entrevistas, workshops, sessões, artigos e palestras. Desenvolvi uma pesquisa de mestrado fazendo uma ponte centenária entre a biografia dos primeiros anos de Gerda Alexander e o atual escopo de trabalho de eutonistas pelo Programa de Pós Graduação em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e minha dissertação de mestrado, intitulada "Arte Cruzando Fronteiras - Gerda Alexander e a Multiplicidade da Atuação Profissional da Eutonia" está agora em fase de publicação.

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